terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

descoberta

Hoje folheando uma revista finalmente encontrei um negócio legal pra mostrar no meu primeiro post de verdade por aqui. A matéria era sobre o London Design Festival de 2008, e tinha muitas cadeiras interessantes (tenho uma leve fixação por cadeiras), mas o que mais me chamou a atenção foi uma instalação temporária que unia arquitetura, escultura e design. Anotei o nome do artista pra pesquisar (não sabia se ele era mesmo arquiteto), e acabei descobrindo que tem muito assunto por trás desse nome.

David Adjaye é um arquiteto nascido na Tanzânia, filho de um diplomata africano, mas que vive e trabalha em Londres. Montou seu escritório na década de 90 e faz parte de uma geração de profissionais que tentou fugir das referências pós-modernas e da arquitetura high-tech que dominavam a Inglaterra na época.
Ao que parece, ele ficou conhecido por ter um ótimo domínio dos materiais, utilizar muito bem a iluminação, e entender e respeitar as especificações do entorno. Até aí tudo bem genérico, né?
Mas uma coisa que diferencia esse arquiteto é sua ligação com a arte contemporânea, tanto fisicamente como em questões mais conceituais. Ele já criou vários pavilhões - temporários ou não - pra abrigar obras de arte e sempre tenta integrá-las com a arquitetura em seus projetos. Outra coisa interessante é que, ao mesmo tempo que desenvolve projetos de moradia de baixo custo na África do Sul e em New Orleans e estuda o espaço urbano de Pequim; Adjaye tem clientes da elite de Manhattan e de Londres.
Não acha que arquitetura seja percepção e não quer criar edifícios icônicos, mas usa os materiais e a luz pra criar perspectivas cenográficas, que podem tanto abrigar obras de arte ou uma família.
O reconhecimento do seu trabalho está crescendo, e no final do ano passado, ele foi escolhido (no que deveria ter sido um concurso) pra fazer o projeto do África.cont, um centro de arte africana em Lisboa. Há discussões se a escolha foi por sua arquitetura ou por suas origens, mas o que importa é que teremos mais uma obra com potencial pra ser discutida.
Eu gostei muito do que encontrei sobre ele, olhando seus projetos parece ser fácil unir arquitetura, design e escultura, mas na minha opinião por trás da aparente simplicidade há um equilíbrio muito difícil de se achar entre luz, espaço, escala, material e os outros elementos envolvidos. E, pra ser bem subjetiva, os edifícios e intervenções me deixam com uma sensação estranha, como se ao mesmo tempo que se encaixam perfeitamente no entorno, algo neles incomoda propositalmente. Se é esse mesmo o objetivo não sei né, essas são observações à primeira vista, nenhuma análise ou estudo sério.
Pra quem se interessou, recomendo que pesquisem sobre o Adjaye, há matérias e entrevistas (ele mesmo inclusive já entrevistou o Oscar Niemeyer) bastante interessantes sobre as "contradições" e polêmicas do seu trabalho, muito mais coisa do que eu consegui mostrar aqui, e quero saber a opinião de vocês!
Aqui vão algumas imagens, primeiro do pavilhão pro London Design Festival , e depois de obras aleatórias (e meio desconexas) que achei por aí.

2 comentários:

lu who? disse...

Pô, Carol, que achado legal!!! Já deu pra sacar só pela foto do corredor e da estrutura metálica "furadinha" a pira dele de criar "cenários". Gostei, gostei mesmo... ó ó inspirações pro TGzão. Será que ele não lançou nada escrito?

caroline b. disse...

lançou um livro sobre casas e um sobre edifícios públicos, e já fez uma exposição sobre isso tbm. oáh! to sabendo de tudo.
li uma entrevista que ele comenta sobre idéias do tschumi e do koolhaas tbm... bem teóricão! hahaha